Há muito a epilepsia é caracterizada como um distúrbio do cérebro, mas pesquisadores da Case Western Reserve University
descobriram que parte das funções do sistema nervoso autônomo atua de
forma diferente na epilepsia, durante a ausência de convulsões. Esta
descoberta da divisão involuntária do sistema nervoso pode ter
implicações para o diagnóstico e o tratamento da doença, além de
possibilitar uma melhor compreensão dos casos de morte súbita por
epilepsia (SUDEP). A pesquisa foi publicada no Journal of Neurophysiology.
Todos
os resultados do estudo registram a variabilidade da frequência
cardíaca na epilepsia e do aumento da atividade do sistema nervoso
parassimpático durante o sono. Mas os cientistas ainda não sabem se as
anormalidades compensam a epilepsia, coincidem com a doença ou fazem
parte de sua etiologia.
Especificamente,
o sistema nervoso parassimpático modula a respiração e diminui a
frequência cardíaca das crianças com epilepsia substancialmente durante o
sono, mais do que em crianças saudáveis.
Os
pesquisadores também descobriram que várias crianças que tinham sido
diagnosticadas como neurologicamente normais – mas tiveram uma modulação
forte semelhante e frequências cardíacas baixas – foram posteriormente
diagnosticadas com epilepsia. A descoberta sugere que as alterações no
sistema nervoso parassimpático precedem o aparecimento da epilepsia em
crianças.
A pesquisa
Para chegar a essas conclusões, o grupo
de pesquisadores acompanhou os eletrocardiogramas de 91 crianças e
adolescentes com epilepsia diagnosticada e o de 25 crianças
neurologicamente normais, durante 30 minutos na fase 2, ou de sono leve.
Nenhum indivíduo teve uma convulsão durante esses intervalos.
Os
pesquisadores descobriram que a arritmia sinusal respiratória (ASR) foi
mais pronunciada em pacientes com epilepsia e que a sua frequência
cardíaca também foi significativamente menor.
Os
pesquisadores não encontraram nenhuma diferença na pressão arterial
entre os dois grupos de crianças, indicando que o sistema nervoso
simpático, que é responsável por respostas de luta-ou-fuga, não está
envolvido.
Todas as crianças no
estudo fizeram eletroencefalogramas para monitorar sua atividade
cerebral durante um período de sono de 30 minutos. Não houve atividade
anormal encontrada lá.
Ramificações
As diferenças na arritmia sinusal
respiratória, entre crianças com epilepsia e sem a doença, podem ser
capazes de identificar os limiares, ou biomarcadores, para diagnosticar
aqueles com epilepsia ou em risco de desenvolver a doença.
“Os
pesquisadores dizem que as descobertas também levantam a possibilidade
de que os medicamentos que ajudam a controlar o sistema nervoso autônomo
possam ajudar a controlar a epilepsia. O estudo pode ser um fator
contribuinte fundamental. A frequência cardíaca e o declínio drástico da
respiração após uma convulsão são sintomas importantes. Se eles já são
baixos, ou se baixaram ainda mais, podem deixar uma criança sem
respiração ou sem pulso”, afirma o neurologista, Willian Rezende do
Carmo.
Fonte: Dr. William Rezende do Carmo
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